quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Olhando para cima...

É interessante observar, principalmente em uma cidade grande como São Paulo, as movimentações que se desenrolam nos inifinitos andares dos prédios em qualquer horário do dia ou da noite.

Esse é o tipo de coisa que faz perceber que a vida dos outros não depende nem um tantinho de nós para continuar. Elas simplesmente permanecem na mais perfeita continuidade e harmonia, independente da nossa boa vontade ou da nossa colaboração.

Sempre que ando pela av. Paulista, procuro olhar as janelas dos hotéis, dos prédios comerciais, dos residenciais... Claro, o alcance de uma visão de um Inconsequente míope não é lá grande coisa, mas as lentes de contato já colaboram um pouco.

Quando faço isso, tenho a percepção de o quanto somos pequenos em relação a tudo o que nos cerca. O senhor correndo na esteira da academia do primeiro andar do Ceasar Businness, a empregada estendendo a roupa na sacada do terceiro andar do prédio da esquina, a reunião de trabalho que reflete na janela fechada.

Nenhuma dessas pessoas fazem ideia de que eu, por alguns segundos, admirei suas atividades tão corriqueiras, tão simples.

E, por incrível que pareça, achei isso tudo muito bonito! É como se fosse uma prova de que, por mais que a humanidade faça um esforço enorme pra que tudo se acabe em efeito estufa, poluição, armas nucleares e etc, o que temos que fazer para manter o mundo girando é, nada mais, nada menos, seguir ordinariamente as nossas vidas!

Ou seja, é a deixa pra colocar as futilidades de lado, tentar se livrar da síndrome do umbigo, dar menos importância pra acontecimentos irrelevantes e viver um pouco mais do agora.

Generosidade?

Sempre que escutava a palavra generosidade, automaticamente se montava na minha cabeça uma imagem de um velhinho colocando uma moeda no chapéu do mendigo.

Claro, esse pensamento capitalista deve ter sido plantado de uma forma quase espontânea ao longo da minha infância. E da sua também. É comum relacionarmos a generosidade ao dinheiro. Minto?

Mas, generosidade, uma palavra tão forte e bonita é muito mais que isso.

Quando um ator é generoso, ele deixa que o seu parceiro de cena brilhe. Essa é a melhor analogia de generosidade que posso encontrar. Não devemos confundi-la com piedade, ou pior, com dó.

Mais: não se deve ser generoso somente quando alguém precisa ou merece. Devemos ser generosos em todo momento, indiscriminadamente. Sou capaz de apostar que foi de acordo a máxima "faça aos outros o que você gostaria que fizessem a você" que a generosidade entrou com tudo no vocabulário popular.

É importante entender que a generosidade é um conceito que pode abranger desde o maior gesto de entrega de uma pessoa para outra até um simples reconhecimento de piscar de olhos.

E, por mais que haja o interesse de receber de volta aquilo que estamos proporcionando ou fazendo a outra pessoa, é legítimo ser generoso em busca de generosidade. Pense nisso.