sexta-feira, 25 de março de 2011

Em quem confiar?

Confesso que já ouvi diversas opiniões e pontos de vista sobre confiança, mas neste espaço vou falar sobre a opinião deste Inconsequente que vos escreve.

Confiança não é um produto pronto que vem como item de série dentro das pessoas. Nem poderia. A confiança que você tem de outras pessoas não é sua. É delas. Elas é que depositaram a confiança em você.

É confuso, eu sei. Pense: você não é responsável nem pode controlar quem tem ou não a confiança que, no fim das contas, é sua. E justamente por ser só sua é que é tão difícil deixá-la nas mãos de outras pessoas. E mais: ela só funciona quando não está mais com você.

Outro ponto importante e que deve ser observado é o de que a confiança não é dada. Ela é conquistada, ou às vezes, tomada à força. Até mesmo quem testa a confiança nos outros busca medir essa conquista.

Veja: você não pegou o carro do seu pai pela primeira vez com toda a confiança dele. Mas, se voltou cedo e com o carro inteirinho e com o tanque cheio, acho que a confiança surgiu.

Obviamente, não é tão simples assim. A confiança é construída arduamente ao longo do tempo. Seguindo no exemplo, imagine que depois de sair com o carro do seu pai por 3 anos, você acaba dando PT no bólido depois de beber todas na balada. Adivinha aonde foi parar a confiança, mesmo depois de tê-la indiscriminadamente?

Claro, é você quem determina o tempo necessário e os critérios para que a confiança seja estabelecida. Contudo, são os atos da outra parte envolvida nessa conversa que determinam a construção ou não da sua confiança. Daí a "involuntariedade" dessa coisa chamada confiança.

Você pode amar uma pessoa e não confiar nela, ao passo que pode haver um desafeto justo o suficiente para desfrutar da sua confiança.

O processo de confiança é tão delicado que para descontruí-lo é muito mais fácil do que construí-lo. A proporção não é na mesma medida. Qualquer atitude besta já espanta qualquer edificação e solidez da confiança que antes existia ali.

Em contrapartida, são necessárias diversas atitudes no sentido de construir cada tijolo da confiança que, talvez, não tenha passado de um projeto.

É como se tivéssemos que construir um muro com cartas do baralho. É muito, muito difícil colocá-lo em pé e mantê-lo dessa forma, e sempre é possível aumentá-lo enquanto houver cartas. Mas basta uma brisa qualquer para destruir parte ou todo o muro.

É... no fim das contas, sábio é o mineiro, que tem fama de desconfiado e não dorme com os olhos dos outros.

2 comentários:

  1. Totalmente de acordo!
    A confiança, assim como a consideração, são sentimentos que têm memória.
    O que mais me admira são as acusações que te fazem quando você perde a confiança em alguém, "vive de passado", ""pessoa rancorosa", como se fosse responsabilidades sua, somos realmente bons em reverter situações...

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  2. Muito bem lembrada essa questão da memória. E concordo quanto às acusações que as pessoas sofrem. A inversão de papéis é constante, pois é cômoda.

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