Essa frase ficou martelando na minha mente por meses. Ouvi de bicão em uma conversa alheia, enquanto estacionava o carro na garagem. Fiquei pensando sobre o assunto, se concordava com a máxima ou se a desprezava. Afinal, perdoar é esquecer?
Optei pelo desprezo logo de início. Como seria possível perdoar alguém por algo que tenha feito sem esquecer completamente o que desencadeou a necessidade do perdão? Não me parece lógico. Afinal, o perdão tem a ver com confiança. Como confiar novamente, perdoar alguém, tendo na memória a cena que trouxe à tona todas as perguntas sobre a idoneidade e a validade de perdoar?
A dialética grita, acenando que, se você não é capaz de esquecer, não é capaz de perdoar. Seja lá o que for: o não recebido, o maltrato sofrido, a má educação tolerada, a agressão suportada.
Contudo, depois da fase fundamentalista sobre o tema, também cheguei à conclusão que perdoar sem esquecer é possível. Veja o recente caso ocorrido na cidade de Cunha (matéria aqui e vídeo aqui). Como esquecer um acontecimento dessa proporção? Impossível. Mas, pelo depoimento do Sr. José Benedito de Oliveira, é possível perdoar sem esquecer. Contudo é necessário um tanto de evolução pessoal para conseguir tal feito.
Ainda assim, insisto que, por mais que seja difícil de esquecer determinadas coisas, o perdão completo (se é que isso existe) só se dá quando a lembrança indesejável já não existe mais. Afinal, a natureza humana está pronta para a qualquer momento resgatar o acontecido e utilizar contra quem realizou o ato.
Ou seja, acredito que é dever daquele que diz ter perdoado, mesmo que não tenha esquecido, agir de modo digno, nunca mais tocando no assunto. O perdão é a alforria do culpado e a altivez do ferido.
Por isso considero aqueles que conseguem perdoar verdadeiramente e, se possível, esquecer, seres evoluídos. Quem sabe, um dia, chegamos lá.
Quando penso no perdão como uma escolha, acredito e concordo com a máxima acima. Não que seja fácil, mas é uma decisão minha. Agora esquecer... Quem sabe, um dia, chego lá! ;)
ResponderExcluirAcho que o perdão é voluntário, enquanto não temos controle nenhum sobre a memória. Ou nada a ver? =P
ResponderExcluirAcho que o perdão sempre será uma escolha. Concordo com vocês. Contudo, é uma escolha pela resignação se você não for capaz de esquecer o que causou a necessidade do perdão... Não?
ResponderExcluirNão se esquece algo que causou dor, por instinto de proteção, mas pode-se escolher dar menos ou nenhuma importância a essa memória em função de algo maior, como o amor que se sente. Daí vem o perdão...
ResponderExcluirNão dá para perdoar sem esquecer...
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